Como é que querem que vá para a Baixa? Armado?

Se até há uns tempos atras defendia que a Baixa de Coimbra era segura, hoje digo o contrário. Na noite de 5ª feira, pelas 23H, um homem de 41 anos foi morto à navalhada na Rua da Moeda, o “Zé do Garrafão”. Desconhece-se as verdadeiras razões (se é que há razões para matar), especula-se que teria sido um ajuste de contas, o que é certo é que tudo teve origem em episódios anteriores de violência. O lema “violência gera violência” vê neste caso uma perfeita confirmação.

O caso (agressão/navalhada) parece ter sido um acto isolado mas momentos que antecederam a tragédia houve pedradas entre dois grupos de pessoas.

Faz precisamente uma semana, na Noite Branca, havia 2 elementos da PSP à paisana a controlar a Baixa, os mesmos que vigiam as acções das manifestações dos “Indignados” e algumas acções da Assembleia Popular/Acampada de Coimbra. Pessoalmente não me incomoda nada a infiltração desses agente, antes pelo contrário. Há quem os veja com maus olhos, eu não. Estão a cumprir uma tarefa que lhes foi profissionalmente destinada e tornam a cena toda mais segura. Haviam que andar mais pela Baixa, diariamente.

No dia 7 Junho, dia Corpo de Deus, em plena Praça do Comércio tive uma abordagem com um grupo de 4 adolescentes e jovens adultos pouco feliz. Depois de uma troca de galhardetes de palavras, um deles endoidou porque ao passar eu lhe tinha tocado na manga do casaco que trazia suspenso pelos ombros, queria mesmo agredir-me só porque lhe tinha dito que foi a manga do casaco dele é que colidiu com a minha rota. O que eu nunca esperei é que episódio tão simples, de discussão tão caricata, pudesse levar a momentos intensos de agressividade que estava a pôr a minha integridade física em jogo. Por sorte, ou por ser dia Corpo de Deus, o meu corpo saiu ileso da discussão. Só me valeu mesmo um género de torcicolo durante 3 dias de me ter desviado de uma direita de boxeur inexperiente.

Era feriado, a Praça do Comércio não tinha o seu habitual movimento, mas houve várias pessoas que assistiram à cena. Fiquei perplexo, algo chocado até, pela indiferença que as pessoas reagem a estas situações. Vêem um indivíduo quase a ser agredido por quatro e nada fazem? Ao que parece, em conversa com comerciantes da Baixa e um agente de uma força de autoridade de Coimbra, esse grupo de jovens espalha o terror quando descem à Baixa. Uns são menores e não há queixas, logo as forças de autoridade não podem intervir. Há um género de impotência misturado com a lei do silêncio, com medo de represálias.

O que me ocorreu fez tirar 2 conclusões: há insegurança na Baixa e nunca se deve repostar a este genero de gang´s. Para a próxima a minha postura vai ser: “Desculpa lá brother. Caso queiras compro-te um casaco novo, na boa. Queres um cigarro? Precisas de pulseiras para entrares no Theatrix? Fica aí com o meu número man”. É que dia de Corpo de Deus só a 7 de Junho, e do meu corpo preciso eu todos os dias o mais intacto possível.

Infelizmente, e com a morte do “Zezito”, subscrevo que existe insegurança e agressividade gratuita na Baixa. Ou as forças de autoridade resolvem o problema ou a questão que ponho é: que arma vou eu hoje levar para a Baixa? A pistola de água carregada de lexívia? O spray mata moscas, melgas e mosquitos que também sacode elefantes? É que o taco de basebol não dá muito jeito no verão…

This entry was posted by Paulo Abrantes.

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